fallen wings
As pedras não dizem nada. As pessoas se fossem como as pedras seriam mais felizes. Ou eu seria menos descontente. Há tanto tempo que julgo acreditar na palavra das pedras, e não existe mais do que o vazio. Sou como alguém que acreditou em deus e depois descobriu que o cão ou cadela com que convive é mais verdadeiro do que qualquer teoria espiritual. As pedras desiludiram-me, talvez por eu nunca lhes ter dado o crédito merecido. E, no lugar da desilusão, deverá apenas existir a minha frutração interior. O meu cérebro desiludiu-me. Serei o vosso amigo em vias de... Serei o vosso inimigo quase a... Sou o ódio de estimação de alguns que... Sou o anjo que caíu, representado no Retiro em Madrid.
A rua amarelece. As casas, de janelas abertas, ganham vida com pessoas lá dentro. O bairro prepara-se para o calor do início da noite. No Marinho, sento-me e fumo os últimos cigarros, mais uma ou duas imperiais e ouço as conversas. Chamam-me jovem e perguntam se sou feliz... Demoro demasiado tempo para iniciar a resposta e logo vem o admoestar: "não perca muito tempo nesse andor, jovem. quando der conta já a sua vida pertence aos outros." Resolvo pedir a terceira imperial e imaginar o cigarro que já não tenho para fumar.
As pedras é que são felizes.
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